Minhas Reflexões sobre Política e Luta de Classes

Investico comete crime ambiental na Usina Hidrelétrica do Lajeado - TO

Mortandade de peixes na usina hidrelétrica do Lajeado – Até quando?

Por Pedro Ferreira

Não é um fenômeno raro a mortandade de peixes na usina hidrelétrica do Lajeado no Rio Tocantins, ao contrario, a morte de milhares de peixes tem sido um acontecimento cada vez mais frequente. E nem é a primeira vez que este fato repercute tanto na imprensa local como nacional.

No entanto o caso mais recente, novamente trouxe a tona o debate a cerca das causas desse ‘fenômeno’, mas, sobretudo mostrou uma indignação maior por parte da população local, e uma maior disposição para lutar para que os órgãos ambientais, os governos de plantão e a empresa responsável por administrar a usina (Investico) apresentem uma solução ao problema.

Três coisas contribuíram para que a indignação da população lajeadenses aumentasse em relação aos crimes ambientais cometidos pela Investico no município:

1º - O fato de que a recente mortandade de peixes na usina aconteceu em um período de piracema, quando os peixes estão reproduzindo, e a pesca é proibida. Dessa forma o crime cometido torna-se ainda maior.
2º - As declarações dos órgãos ambientais no Tocantins, que tiveram a capacidade de declarar que a culpa pela mortandade dos peixes são culpa dos próprios peixes que não se acostumaram com a construção da usina.
3º - O fato de que os órgãos ambientais combatem a pesca artesanal, as centenas de famílias de pescadores que dependem da pesca para sobreviver no município, e por outro lado é conivente com os crimes ambientais cometidos pela Investico, o que é comprovado pelas declarações dos órgãos ambientais no estado.

As declarações do chefe do IBAMA no Tocantins é um absurdo e um desrespeito à população Lajeadense.

É inadmissível que um superintendente de um órgão ambiental, faça tal declaração, demostrando uma falta de conhecimento e um total despreparo para esta ocupando o cargo que ocupa.

Culpar os peixes pela irresponsabilidade da empresa que administra a usina hidrelétrica de Lajeado e que é a única responsável pela mortandade de peixes é tentar tapar o sol com uma peneira como se diz por aqui, é chamar a população de imbecil, é omitir os problemas reais, é ser conveniente com tais crimes, é ser cúmplice, aliás, este tem sido o papel do governo do estado e dos órgãos ambientais no Lajeado. Cúmplice dos crimes ambientais cometido pela Investico.

Por que ocorre com frequência grande mortandade de peixes na usina hidrelétrica de Lajeado?

O fenômeno da mortandade de peixes que para Investico e os órgãos ambientais precisa de investigação é sabido por todos os moradores da cidade, em especial os pescadores.
O fato é que quando as comportas da usina são fechadas, o volume de água diminui rapidamente, dai os peixes que ficam na margem do rio acabam ficando presos em pequenos poços de agua que se formam nas pedras. Esses poços d’água secam rapidamente e sem oxigênio os peixes morrem.

Diante disso qual a solução para o problema?

A questão não é difícil de ser resolvida, ao contrario o que falta é vontade de resolvê-la. Coisas simples poderiam ser feitas para evitar grande mortandade de peixes. Apontamos algumas delas:

1-    Multa e prisão dos responsáveis por cometer crimes ambientais como previsto na lei;
2-    Um maior controle no momento que as comportas da usina forem fechadas. Sobretudo controlar para que o rio abaixo da usina não seque rapidamente deixando pequenos lagos com peixes ilhados;
3-    Montar uma equipe de agentes ambientais responsáveis por monitorar as margens do rio para que devolva os peixes que ficarem presos em pequeno lagos de volta ao rio;
4-    Distribuir os peixes que morrerem e que estiverem bons para o consumo as famílias em situação de vulnerabilidade social do município.

Infelizmente a postura da Investico, dos órgãos ambientais e do governo do estado é de não resolver a questão, sobretudo por que o dinheiro pela geração de energia da usina (que é vendida para outras regiões) cai todo mês nos cofres públicos.

Por tanto é preciso que a população de Lajeado, que tem na pesca a principal fonte de renda para sobrevivência de centenas de famílias do município se organize e lute para que as providencias necessárias para resolução desse problema seja resolvido. Não podemos aceitar como natural, tal como as autoridades tenta nos enfiar goela abaixo, os crimes ambientais recorrentes no nosso município.

Lutar pela preservação do rio Tocantins, dos peixes é lutar pela sobrevivência de milhares de famílias que dependem da pesca para sobreviver, é lutar pela nossa cidade, pelos nossos recursos naturais, é lutar pelas futuras gerações. Já temos visto o sumiço de varias espécies de peixes que outrora tínhamos com abundancia no rio Tocantins. Se não lutarmos para mudar essa realidade veremos a destruição total do rio que nos alimenta! Não podemos deixar que o rio Tocantins no Lajeado seja transformado em um cemitério de peixes.

Mudar é preciso! Unidos venceremos!

*Pedro Ferreira é Educador Popular e bacharel em Serviço Social.


*Por Pedro Ferreira

É sabido que no ultimo período o setor ruralista tem nadado de braçada no Brasil. Com uma bancada extremamente forte no congresso nacional, cargos importantes no executivo e uma grande influência no judiciário - Tem conseguido aprovar leis importantes para o fortalecimento do setor a exemplo das recentes alterações no código florestal, mas, sobretudo conseguiu vencer a batalha ideológica sobre a necessidade de uma reforma agrária no Brasil, e não contente agora avança para usurpar as terras que ainda estão em poder dos camponeses, quilombolas e dos povos indígenas.

Apesar de toda a sua força política o modelo agrícola brasileiro não é só extremamente maléfico ao meio ambiente como também não tem nenhuma função social.  Por tanto se hoje tem algum prestigio na sociedade é devido à falsa propaganda de desenvolvimento que o mesmo trás e a falta de esclarecimento da população do que de fato representa o atual modelo agrícola brasileiro pautado na monocultura e extensa concentração de terra.

A Confederação Nacional da Agricultura e demais representantes do agronegócio sabem bem o que produz como também sabe o que devem fazer para que a maioria da população continue sem saber. Eis ai o grande objetivo do “Time Agro Brasil” programa de marketing que tem como garoto propaganda o produtor rural Pelé (que é também por acaso considerado o maior jogador de futebol de todos os tempos). Programa esse que tem como principal objetivo esconder da população o que de fato é o agronegócio brasileiro.

Uso indiscriminado de agrotóxico, trabalho escravo, monocultura, usurpação dos territórios quilombolas e indígenas, extermínio dos povos indígenas, produção para exportação. Eis ai alguns exemplo do quanto de desenvolvimento o Time Agro coloca em campo, ou melhor, no campo. Mas isso você não verá nos comerciais e demais materiais de propaganda.

O Time Agro lhes apresentará um campo bonito, com o belo sorriso do rei do futebol Pelé exaltando os heróis do Brasil, e por fim dona Kátia Abreu – Senadora e presidente da Confederação Nacional da Agricultura falando que eles produtores suam a camisa para manter o desenvolvimento do Brasil - Grande produtora que nunca se quer pegou no cabo de uma enxada.

Mas se eles pensam que o jogou acabou falamos como Raul – Oh baby, a gente ainda nem começou. A luta por terra, território e dignidade não esta encerrada, movimentos campesinos, quilombolas, indígenas como todos aqueles que apoiam a luta por uma reforma agrária de fato no nosso país nos articulemos e sacudamos esse país de norte a sul com o que de melhor sabemos fazer- Ocupar, resistir e produzir.

*Pedro Ferreira - Educador Popular e militante do Bloco de Resistência Socialista.


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Escola de Formação de Educadores Populares: Formação e trabalho de base para o fortalecimento da luta dos movimentos populares

*Por Pedro Ferreira

Neste final de semana (19, 20 e 21) finalizamos a V Escola de Formação Política de Educadores Populares, organizada e realizada pela Rede de Educação Cidadã de Goiás. A mesma teve sua ciranda popular de abertura no Centro Cultural Caravídeo em Goiânia e em seguida os participantes seguiram para o Assentamento Palmares em Varjão.

Nesta V edição da Escola de Educadores populares, optou-se por realizá-las em duas etapas. A primeira etapa aconteceu no mês de agosto e discutiu-se acerca das táticas e estratégias para construção do projeto popular e o papel da educação popular neste processo. Bem como compreender os avanços, limites e desafios do sistema eleitoral.

Já na segunda etapa o objetivo foi compreender como se da o processo de criminalização da pobreza e dos movimentos populares, resgatar a história das lutas populares em Goiás bem como refletir sobre a necessidade das organizações populares na superação das desigualdades socioeconômicas.

A Escola de Formação Política de Educadores Populares de Goiás tem se consolidado a cada ano como o principal espaço de troca de experiência e formação de diversos militantes das organizações populares de Goiás tanto do campo como da cidade. Alcançando assim o seu objetivo principal que é formar educadores populares para que os mesmos possam fortalecer a luta de suas organizações, bem como a luta geral da classe trabalhadora.

O diferencial da Escola de Educadores Populares de Goiás tem sido a capacidade de articular a participação de diversas organizações do campo popular, movimentos campesinos de luta pela terra, sindical, estudantil, pastorais sociais, partidos políticos entre outros (de diversas linhas e correntes políticas do campo da esquerda).

Por tanto tem cumprido no ultimo período um papel fundamental que tem sido deixado de lado pelo conjunto das organizações da classe trabalhadora que é o da formação e o trabalho de base. Sendo a formação e o trabalho de base fundamental para o fortalecimento das organizações populares bem como de suas lutas.

E através da formação tem se conseguido construir a tão necessária unidade do conjunto de movimentos e organizações populares que lutam pela superação das desigualdades sociais e a construção na luta de uma nova sociedade. Enfim, a Escola de Formação Política de Educadores Populares de Goiás, tem resgatado a formação e construção das lutas populares com o povo.


Educar o povo ou educar se com o povo?
Construir com o povo as bases sólidas de uma nova sociedade.
Fazer do nosso discurso a prática,
Eis ai nossa principal tarefa revolucionaria!

Pedro Ferreira – é educador popular da RECID-GO e militante do Bloco de Resistência Socialista – Sindical e Popular.



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Monopólio das empresas de ônibus em Goiás: Livre concorrência?


*Por Pedro Ferreira

Uma coisa que tenho observado nas minhas andanças pelo interior de Goiás contribuindo na organização da luta do movimento popular é o monopólio das empresas de ônibus em algumas rotas e linhas e no que isso acarreta a população que utiliza essas linhas.

Por exemplo, para o nordeste goiano apenas uma empresa faz a rota (Expresso São José do Tocantins), resultado disso – Passagens caras e ônibus lotados. A mesma coisa é para o sudoeste de Goiás rota feita apenas por duas empresas (Expresso e Viação São Luiz), onde também verificamos a mesma realidade.

Esses dois exemplos não são exceções e sim uma realidade que vemos por todo o estado de Goiás. Podemos dizer que há uma divisão feita entre as empresas de ônibus para que cada uma monopolize uma linha ou região para que possam explorar ainda mais os usuários desses serviços. Vemos claramente a mão invisível do mercado funcionando e claramente não é para o bem comum.

Rota/Linha
Empresa
Valor
Goiânia – Campos Belos
598 Km
Expresso São José do Tocantins
R$ 94,00
Goiânia – Palmas/TO
831 Km
Varias empresas
Média R$ 75,00

Um dos absurdos desse monopólio é o exemplo que vemos no quadro acima onde uma viagem para Campos Belos no nordeste Goiano é mais cara que para Palmas no Tocantins, como explicar isso sendo que a capital tocantinense é mais distante, seria por que há mais empresas fazendo essa rota?

Infelizmente o exemplo dado acima não é uma exceção, qualquer estudo um pouco mais aprofundado por parte dos órgãos de defesa dos direitos do consumidor poderá verificar mais absurdos como esse.  Processo semelhante acontece com as operadoras de telefonia celular (Mais isso é assunto para outro artigo).

Vale ressaltar nesse processo a ausência total do estado em cumprir o seu papel de regulador do mercado, que por sua vez não está preocupado com nada mais além do que lucrar. Os partidários do sistema capitalista defendem a livre iniciativa assim como a livre concorrência, discursos muitas vezes reproduzidos pela maioria da população, mas na prática não é o que vemos. Na pratica o que vemos são patrões e governos mancomunados para explorar cada vez mais o trabalhador.

*Pedro Ferreira – Educador Popular e militante do Bloco de Resistência Socialista 

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Reflexões sobre o processo eleitoral: ‘Ser ético com a coisa pública virou qualidade quando deveria ser obrigação. ’



*Por Pedro Ferreira

Milhares de candidatos Brasil afora se orgulham e estufam o peito ao se apresentar para o leitorado brasileiro dizendo que é ficha limpa. Aliás, essa tem sido a principal bandeira de muitos deles, ou melhor, a única.

Dês de que a lei de iniciativa popular conhecida como lei da ‘ficha limpa’ foi aprovada pelo supremo tribunal federal. Políticos de diferentes partidos (direita, esquerda, centro, cima, baixo) se orgulham e estufam o peito para dizer que é ficha limpa, e não se esquecem de recomendar – Vote em político ficha limpa.

Muitos se que sabem qual o papel deve desempenhar um parlamentar ou um gestor público, confundem executivo com legislativo e até mesmo com o judiciário. Exemplo disso são os discursos, sobretudo dos candidatos a vereadores prometendo construir praças, postos de saúde, creches, escolas além de asfaltar ruas entre muitas outras promessas mirabolantes.

Não que eu seja contra a lei da ficha limpa, ao contrario – No entanto ser ético não devia ser qualidade de alguém que se propõe a administrar serviços públicos ou representar a população, ser ético com a coisa pública é obrigação.

Por tanto não votemos em um sujeito simplesmente por que ele tem a ficha limpa. Muitos a ficha é tão limpa que não tem uma contribuição se quer na construção da luta da classe trabalhadora, são criaturas que representam apenas a si mesmo ou os interesses da classe dominante.

Votemos em candidatos frutos de processos coletivos, que representam o desejo de um coletivo. Mais não de qualquer coletivo. Coletivos que lutam e defendem com intransigência os direitos da classe trabalhadora, que não se venderam e nem se corromperão.

Mais não tenhamos ilusão, as mudanças necessárias por qual tanto lutamos, será obra da classe trabalhadora como disse Marx há tanto tempo atrás. E a classe trabalhadora não é um individuo mais sim um conjunto de indivíduos organizados, caminhando na mesma direção com o mesmo objetivo.

*Pedro Ferreira – Educador Popular e militante do Bloco de Resistência Socialista.

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Kátia Abreu: Representante dos latifundiários ou do povo do Tocantins?


    
*Por Pedro Ferreira

Kátia Abreu foi eleita em 2006, senadora pelo estado do Tocantins, por tanto com a missão de defender no congresso nacional os interesses do povo tocantinense que a elegeu. No entanto quando olhamos para sua atuação no parlamento vemos que não é bem esse papel que a mesma vem desempenhando.

Quem deveria representar a gloriosa federação do Tocantins no senado federal na verdade esta a serviço dos latifundiários e das grandes agroindústrias (Que diga de passagem foi quem financiaram sua campanha). Ao defender os latifundiários e o agronegócio Kátia Abreu esta defendendo seus próprios interesses, já que a mesma é uma grande latifundiária. Mais não deveria no mínimo a senadora eleita pelo povo do Tocantins defender no senado os interesses e anseios do povo Tocantinense sem distinções?

Assim que eleita senadora, Kátia Abreu também foi eleita presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), entidade máxima de defesa dos interesses dos latifundiários e das grandes agroindústrias. Sendo que a atuação da nobre senadora no parlamento tem sido pautada pela defesa dos interesses do agronegócio e não do povo tocantinense.

Kátia Abreu é conhecida nacionalmente como uma das principais figuras do agronegócio no Brasil, a heroína da direita reacionária, responsável no congresso nacional por articular uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) com o objetivo de criminalizar os movimentos de luta pela terra e barrar a alteração dos índices de produtividade. Defende que pobre deve comer comida contaminada com agrotóxico mesmo, pois o custo para sua produção e comercialização é mais barato, não importando se isso afetará ou não a saúde das pessoas (Veja o documentário “O Veneno esta na mesa de Silvio Tendler).

Foi também voz ativa contra a campanha do limite da propriedade, articulou uma pesquisa para tentar desqualificar os assentamentos de famílias sem terra, também para tentar encobrir os resultados do censo agropecuário divulgado em 2006 que mostra que a concentração de terra aumentou no país.

A pesquisa feita em poucos assentamentos escolhidos a dedo pela CNA ganhou mais espaço na mídia do que o censo agropecuário realizado pelo IBGE.

Kátia Abreu também tem sido voz ativa e articuladora no congresso nacional e junto ao governo federal pela aprovação do criminoso código florestal, que anistia os desmatadores e outros acusados de crimes ambientais, assim como da carta branca para continua agressões ao meio ambiente.

Kátia Abreu infelizmente não é uma exceção, a maioria dos políticos eleitos com o compromisso e o dever de representar o povo, na verdade defende os interesses daqueles que financiaram sua campanha política. Como bem diz Chico Alencar (PSOL) – “Diga-me que ti financias, que eu ti digo a quem defendes”.

Enquanto as campanhas políticas continuarem a ser financiadas com dinheiro de empresas privadas, os interesses públicos serão deixados de lado em favor dos privados, por tanto é de primordial importância defender uma reforma do sistema político que entre outras medidas determine o financiamento exclusivamente público das campanhas eleitorais.

Mais também é de primordial importância que mesmo nos limites da democracia burguesa, possamos eleger candidatos que tem compromisso com as lutas históricas da classe trabalhadora, que não aceitam financiamento de Multinacionais, Agroindústrias, empreiteiras entre outros. E que no congresso nacional, Câmaras municipais, assembléias legislativas entre outros defendam os interesses e direitos do povo e não interesses privados.

*Pedro Ferreira – Educador Popular e militante do Bloco de Resistência Socialista.



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Mais do mesmo


*Por Pedro Ferreira
Em 2006 já morando em Goiânia, acompanhei com muita atenção o que acontecia no meio político do Tocantins, acompanhando perplexo o desmoronamento da poderosa UT (União do Tocantins), bloco político criado e dirigido pelo Siqueira Campos com o objetivo de comandar por muitos anos a direção política do estado.
Para mim a eleição em 2002 de Marcelo Miranda para o governo do Estado, se dava apenas por que Siqueira não poderia concorrer ao seu terceiro mandato seguido (a legislação brasileira não permite). Por tanto seria apenas um governo fantoche, sendo que quem de fato iria dirigir seria o velho Siqueira que se preparava para retornar em 2006.
No entanto Marcelo Miranda ao contrario do que eu pensava, não aceitou ser fantoche do Siqueira, em vez de suprimir a oposição como sempre fez o velho Siqueira, Marcelo Miranda dialogava e convivia muito bem com a mesma, até por que ele nasceu na oposição. Não querendo deixar o poder, inteligentemente e com á maquina do estado nas mãos, conseguiu fragmentar a UT, e vencer o velho Siqueira nas urnas.
Até então para quem conhecera a força da UT e a moral que Siqueira tinha com a população (Ele rouba mais faz), era impensável a possibilidade de uma derrota do Siqueira e o fim da União do Tocantins. Derrota essa que teve inicio em 2004 quando a UT perdeu a prefeitura da capital (Palmas) para o PT. Mais o pior estaria por vir, com a derrota de Siqueira para Marcelo Miranda e o seu filho Eduardo Siqueira para Kátia Abreu.
Vi em um jornal que daquele dia em diante os Siqueiras passariam a pertencer as paginas dos livros de história do Tocantins. E eu acreditei, depois de tal derrota era impensável ver os Siqueiras de volta, até por que o povo do Tocantins não iria querer o retorno do ditadorzinho bufão, que acredita tanto que criou o Tocantins que se sente dono dele.
Um dos problemas da política é que quando achamos que estamos fazendo uma mudança, na verdade estamos escolhendo mais do mesmo. Isso é recorrente na política brasileira. E assim foi com Marcelo Miranda no Tocantins, que na realidade servia aos interesses dos mesmos que Siqueira servia isto é, governava para os empresários e latifundiários do estado. E para o povo só migalhas.
Mais Marcelo Miranda caiu logo, antes que pudesse criar uma organização tal qual a UT, a articulação que o mesmo tinha feito em 2006 não conseguira chegar em 2010, e assim Kátia Abreu que acreditava que seria apoiada ao governo do Estado em 2010 pelo PMDB de Marcelo Miranda, juntamente com João Ribeiro voltou para os braços do velho Siqueira.
E assim o inacreditável aconteceu, em 2010 o povo tocantinense ressuscitou o velho ditadorzinho bufão, não tinha muita opção, já que Gaguim do PMDB é mais do mesmo também, entre o espeto e a brasa, o povo tocantinense escolheu o espeto.
Mais a política tocantinense vive um período muito diferente do que há 10 anos, onde a UT governava absoluta. O velho Siqueira já não tem a capacidade de articulação de antes, novas lideranças e forças políticas surgiram, e as mesmas já não aceitam mais ficar de baixo da aza do velho Siqueira. Hoje o Tocantins tem vários lideres e grupos políticos, João Ribeiro e o seu PR, Kátia Abreu e o seu novíssimo PSD, Marcelo Miranda e o seu PMDB sempre dividido, e o velho Siqueira e o seu PSDB e claro não menos importante a maquina estatal que é sempre bem usada para cooptar e comprar a oposição.
Todos se movem de acordo com o interesse de seus grupos, engana quem pensa que são inimigos, na realidade todos defendem ao mesmo projeto de sociedade e aos mesmos patrões. Por isso que hora estão juntos e hora estão separado, e isso sempre vai acontecer, pois popularmente falando são tudo farinha do mesmo saco.
E o povo tocantinense continua tendo mais do mesmo, isto é, falta educação de qualidade, saúde de qualidade, moradia, trabalho digno, esporte, cultura, lazer entre outros. Pois seus representantes políticos governam para si e não para o povo. A propaganda oficial mostra o estado em desenvolvimento, mais para quem vai os frutos desse desenvolvimento.
É necessário que a classe trabalhadora tocantinense se organize e se mobilize contra essa velha política que anos vem sendo implantada no Tocantins, enquanto o povo não criar suas próprias organizações (Sindicatos, Movimentos Populares, Partidos que de fato defendam as bandeiras dos trabalhadores) continuaremos tendo mais do mesmo.
Neste ano teremos eleições novamente, já podemos ver as movimentações e articulações, todas no sentido de fortalecimento de um e outro grupo político, e não em ouvir os anseios da população e a elaboração de programas políticos que atendam as necessidades da população. É hora das trabalhadoras e trabalhadores tocantinenses se organizar e se formar para extirpar este bando de aventureiros e abutres das câmaras de vereadores e prefeituras do nosso Tocantins.
“CO YVY ORE RETAMA – Essa Terra é nossa”. (Povo Xerente)
*Pedro Ferreira - Educador Popular e Militante do Bloco de Resistência Socialista
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Entre o espeto e a brasa



            
                                                                                  Goiânia, 29 de julho de 2010.
*Por Pedro Ferreira

Como todos sabem o Tocantins é o estado mais novo da federação (Criado em 5 de outubro de 1988) tem apenas 22 anos, mais o domínio político e a luta pelo poder político no estado, não é diferente do resto do Brasil, talvez seja pior.

José Wilson Siqueira Campos é apontado pelos livros de história do estado como “o criador do Tocantins”, talvez por isso ele se sinta dono dele. Foi nomeado o primeiro governador do Tocantins. Perdeu a primeira eleição direta para o governo, mais venceu em 1994, foi reeleito em 1998, e fez o seu sucessor em 2002.

Nos seus anos de poder conseguiu criar uma das mais poderosas organizações políticas do país, a união do Tocantins (UT), com programas sociais que tinha por objetivo manter o povo dependendo de migalhas. E através da cooptação de novas lideranças que surgiam na oposição, Siqueira pretendia eternamente ver o seu grupo governando o estado.

O judiciário no estado também estava na mão da UT, graças a alguns presentes generosos do velho Siqueira, tais como uma ilha ou alguns milhões de equitares de terra.

Nacionalmente Siqueira não era incomodado, pois também presenteava e homenageava os seus pares, como por exemplo, colocando nome de pontes ou hidroelétricas (Ponte Fernando Henrique Cardoso, Hidroelétrica Luiz Eduardo Magalhães).

Dessa forma não havia oposição no Tocantins, a que tinha, não tinha moral graças ao péssimo governo no período de 1990 a 1994. E as novas lideranças que surgiam na oposição eram logo cooptadas para a UT.

Em 2002 Siqueira elege o seu sucessor devido a sua imensa popularidade, dada pelo povo através do seguinte argumento – ele rouba, mais faz. O seu sucessor Marcelo Miranda era um daqueles lideres surgido na oposição que foi cooptado para o seu lado.

A idéia de Siqueira era que Marcelo Miranda ficasse 4 anos no governo e depois ele retornaria, mais no entanto Marcelo Miranda gostou de está no poder. Abandona a UT, volta para o seu antigo partido e leva consigo, outros tantos partidos, conseguindo com isso fragmentar a força política da UT.

Graças a maquina estatal Marcelo Miranda é reeleito em 2006, já fora da UT, impondo com isso uma grande derrota a família Siqueira já que o seu filho também perde a cadeira no senado, e destrói completamente a famosa UT.

Mais a era Marcelo Miranda dura pouco, o então governador é cassado em junho de 2009, mais em seu lugar é eleito indiretamente Carlos Gaguim que pertence ao seu partido. Com esse episodio Siqueira campos que parecia está morto para a política reaparece.

E o Tocantins? E a população tocantinense? O Tocantins também apesar de novo não se encontra em uma situação melhor que os outros estados da federação, ao contrario talvez esteja em uma situação muito pior.

O Tocantins como todos os estados da região centro norte do Brasil é dominado pelo latifúndio e o agronegócio, tanto que a principal figura política do Tocantins conhecida nacionalmente, é a poderosa presidente da CNA (Confederação Nacional da Agricultura) e senadora Kátia Abreu.

A população tocantinense é extremamente empobrecida, que não tem acesso a educação, saúde, trabalho entre outros. Os pais geralmente manda os seus filhos para outros estados para ir em busca de um destino diferente. Quem tem um pedaço terra é jogado fora, para que construam hidroelétricas, jogando as nas periferias das grandes cidades, as margens das políticas públicas.

Chegamos em 2010, o povo do Tocantins irá novamente às urnas para escolher os seus futuros representantes políticos, não terão muita alternativas, ao governo do estado só duas. 

Carlos Gaguim (PMDB), que é o atual governador do estado eleito indiretamente, e apoiado por Marcelo Miranda. Do outro lado surgindo das cinzas e despontando nas pesquisas para ganhar no primeiro turno, o velho Siqueira Campos (PSDB), tendo o apoio de Kátia Abreu.

A Gloriosa democracia brasileira, dá a oportunidade para o povo tocantinense escolher entre o espeto e a brasa, ou seja, se votar no Gaguim será espetado, se a opção for o velho Siqueira será assado. Votar em quem votar, o povo tocantinense terá mais do mesmo.

Iai o que fazer, e então fazer o que?

Só nos resta esperar que o povo do Tocantins outrora tão revolucionário (Guerrilha de Trombas e Formoso, colaborando com a guerrilha do Araguaia). Tome de assalto todo o estado do Tocantins com seu espírito revolucionário, destruindo esta canalha política que reveza no governo do estado, e construa um estado para todos os Tocantinenses, e esse estado só será possível através da luta camponesa, pelo fim do latifúndio e pela democratização da terra. E nas cidades com os estudantes tomando as universidades, e os operários de fato se apropriando dos sindicatos, e os transformando em sindicatos de luta. E principalmente de uma organização político-partidária que articule todos esses trabalhadores na luta por uma sociedade socialista.
*Pedro Ferreira - Educador Popular e militante do Bloco de Resistência Socialista


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