terça-feira, 28 de abril de 2015

Poesia em homenagem aos 24 anos da cidade de Lajeado do Tocantins no próximo dia 05 de maio

Eu sou mais o Lajeado

O Rio é uma cidade maravilhosa
São Paulo não precisa falar.
Mas sou mais o Lajeado
Aqui sim é o meu lugar.
 
Goiânia não é uma cidade ruim
Nem Brasília ou BH.
Mas sou mais o Lajeado
Aqui sim é o meu lugar.

Paris, Tóquio, Nova York?
Londres nem pensar.
Eu sou mais o Lajeado
Aqui sim é o meu lugar.

Tuas cordilheiras de serra
O rio Tocantins a nos banhar.
Eu sou mais o Lajeado
Aqui sim é o meu lugar.

O céu estrelado no mês de junho
O teu belíssimo luar.
Eu sou mais o Lajeado
Aqui sim é o meu lugar.

Tua gostosa culinária
Teu tempero espetacular
Eu sou mais o Lajeado
Aqui sim é o meu lugar.

Teu povo hospitaleiro
Tua cultura popular.
Eu sou mais o Lajeado
Aqui sim é o meu lugar.

Teu clima tranquilo
A vida correndo de vagar
Eu sou mais o Lajeado
Aqui sim é o meu lugar.

Já andei por muitos cantos
Tantos que não sei contar.
Nada que ser compare ao Lajeado
Aqui sim é o meu lugar.

Pedro Ferreira Nunes - Poeta e escritor tocantinense.

Como fazer para que seu filho odeie ler

Ler não é um dos hábitos prioritários dos brasileiros, ao contrario apenas 2% da população do país lê com regularidade segundo pesquisas. E um dos fatores que contribuem para esse quadro é com certeza o fato que a leitura para o brasileiro não é visto como algo prazeroso. E tanto os pais como as escolas contribuem para essa visão deturbada da leitura.

Por exemplo, uma reportagem do programa fantástico da rede globo de televisão sobre castigos alternativos que os pais dão aos filhos que cometem algum deslize estava o de obriga-lo a ler um livro. Ora, isso é uma ótima maneira de fazer com que o jovem em vez de tomar a leitura como um hábito prazeroso, á odeie. Pois verá a leitura como um castigo, como uma punição e não como algo que dá prazer.

É o mesmo erro que se comete nas escolas – em vez de incentivar o gosto pela leitura, obriga-se o aluno a ler obras e mais obras, a fazer resumos e mais resumos. Fazendo com que a leitura seja vista como algo desagradável, mecânico que é feito de maneira obrigatória para conseguir notas e passar de serie ou fazer um vestibular para ingressar na universidade. Sendo que muito dos livros que são enfiados goela abaixo dos alunos não são apropriados para sua idade. O que contribui mais ainda para que estes jovens passem a odiar a leitura, sobretudo de escritores clássicos que com certeza seriam bem mais compreendidos si fossem trabalhados da maneira correta.

Outro fato, é que se trabalha pouco nos colégios o incentivo da leitura de obras regionais, que falam da realidade que os jovens estão inseridos e por tanto mais fáceis de serem compreendidos. Dai então avançar para obras mais clássicas.

Não é de admirar que se ler tão pouco no Brasil, em especial entre os jovens. E como reflexo disso vemos a incapacidade de milhões de jovens fazer uma redação dissertativa no ENEM. Pois quem não ler, não consegui escrever. Já que a capacidade de escrever está intimamente ligada ao nosso gosto pela leitura. E o gosto pela leitura não si consegue a força, não pode ser algo forçado, uma obrigação, um castigo. Não, não é assim que faremos com que a leitura seja vista como algo que dá prazer. Quando é que abriremos o olho para isso? Por enquanto obrigar um jovem a ler como faz alguns pais e se ensina nas escolas é uma ótima maneira de fazê-lo odiar os livros.


Pedro Ferreira Nunes – Poeta e escritor tocantinense.

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Nota de repudio a prefeitura de Palmas e de solidariedade às famílias de sem teto despejadas de prédios inacabados do programa ‘minha casa, minha vida’.

Viemos por meio desta repudiar com veemência o despejo de famílias sem teto de prédios inacabados do programa ‘minha casa, minha vida’ por parte da prefeitura municipal de Palmas. Sobretudo pelo fato da atual gestão comandada pelo prefeito Carlos Amastha (PP) ignorar totalmente a pauta de reivindicações das famíliasdos sem tetos que legitimamente lutam pelo direito a moradia.A postura da atual gestão mostra muito bem como é o enfrentamento ao déficit habitacional na capital. Como caso de policia e não de politica.

As famílias foram despejadas e não obteve por parte da prefeitura nenhuma garantia como, por exemplo, pagamento de aluguel social ou a construção de um alojamento provisório para as famílias que não tem para onde ir. Ao contrario, a gestão municipal lavou as mãos, dando um recado claro de que não esta nem ai si as famílias forem morar de baixo da ponte. Pois quando se recusa a pagar aluguel social ou apresentar alternativas para famílias que não tem onde morar e não tem condições de pagar aluguel é o mesmo que manda-las morar de baixo da ponte.

O fato também de que os prédios do programa ‘minha casa, minha vida’ que deveriam servir para atender parte das famílias que não tem moradia na capital ainda estarem inacabados (as obras começaram na gestão anterior) também mostra como é tratado a questão do combate ao déficit habitacional em Palmas. Enquanto isso na câmara municipal os vereadores da base do prefeito defendem lei aprovada na gestão do então prefeito Raul Filho que doou áreas públicas para construção de igrejas – com o argumento que tal medida atende a interesses sociais.

Infelizmente não vemos por parte dos senhores vereadores à mesma disposição em atender as famílias sem teto que reivindicam áreas para construção de moradias populares. Aliás, áreas públicas e privadas que servem para especulação imobiliária na capital deveriam ser desapropriadas em nome de interesse social para construção de moradia popular e, por conseguinte combater o déficit habitacional.

Mas não temos nenhuma ilusão que leis que combata o déficit habitacional e a especulação imobiliária serão aprovadas pela gestão do prefeito Carlos Amastha e muito menos pela atual câmara de vereadores. Pelo menos não sem organização e luta do movimento sem teto com o apoio das demais organizações da classe trabalhadora tocantinense.

Por fim terminamos nos solidarizando com as famílias de sem teto que foram despejadas e damos o nosso apoio incondicional a luta das mesmas pelo direito legitimo a moradia. Não aceitemos com naturalidade o fato da gestão municipal ter lavado as mãos e ignorado totalmente as reivindicações das famílias. E a resposta dos movimentos deve ser com lutas e com mais ocupações.

“Quando morar é um privilegio, ocupar é um dever”.
Coletivo José Porfírio

Lajeado-TO, 15 de abril de 2015.

Para dizer que não falei sobre as manifestações da direita reacionária brasileira

Tapete vermelho

Em pronunciamento na ultima segunda-feira no senado sobre as manifestações massivas do ultimo dia 12 de abril, o senador José Agripino (DEM) afirmou que os lideres do movimento faram uma pausa nas mobilizações de rua para sistematizar as reivindicações dos manifestantes, elaborar um documento e apresenta-lo no congresso. Para José Agripino os lideres do movimento devem ser recebido com tapete vermelho no congresso nacional.Mas nem sempre é assim que o povo brasileiro que legitimamente luta pelos seus direitos é recebido no parlamento brasileiro.

Bala de borracha, spray de pimenta e cassetete

Ao contrario, foi com bala de borracha, spray de pimenta e cassetete nas costas que sindicalistas, estudantes e camponeses sem terra foram recebidos no congresso nacional quando protestavam contra a aprovação da lei da terceirização. A juventude que protestava contra a votação na comissão de constituição e justiça a proposta de redução da maioridade penal também não teve um tratamento melhor e muito menos os povos indígenas que lutam contra a aprovação da PEC 215 que passa do executivo para o legislativo a responsabilidade pela demarcação de terras indígenas.

Ora, por que alguns devem ser recebidos no parlamento brasileiro com tapete vermelho e outros com repressão? Por que uns merecem ser ouvidos e outros silenciados? Por que uns tem privilégios e regalias e outros spray de pimenta, cassetete nas costas e bala de borracha na cara? E ainda existem aqueles que afirmam que não existem lutas de classes no Brasil.

Os lideres do movimento

Em outros tempos para si tornar líder de um movimento, de uma categoria, de um coletivo era necessário que si construísse ao longo de uma vida uma trajetória de dedicação e sacrifício em pró de uma causa. Hoje em dia para si tornar líder de um movimento é necessário apenas criar um evento no Facebook. Que dias são esses meus camaradas, que dias são esses?!

É manifestação ou copa do mundo de futebol?

Si algum desavisado encontrar com uma multidão com camisas da seleção brasileira de futebol, bandeiras do Brasil e cantando o hino nacional na certa irá pensar que voltamos no tempo e estamos em 2014, que a derrota de goleada para a Alemanha e a Holanda foi um pesadelo e que agora seremos campeões mundiais contra a Argentina no maracanã. Mas não se engane, é uma manifestação.

Ok, ok, mais parece um passeio dominical, que nem fede e nem cheira na vida econômica do país. Mas dizem eles – é uma manifestação. Uma manifestação tipicamente burguesa isso sim.

A cobertura da mídia

A semelhança das manifestações com a torcida pela seleção brasileira de futebol na copa do mundo não está apenas nos uniformes, nas bandeiras e no canto do hino nacional a capela. Mas também na cobertura da mídia com boletins ao vivo durante todo o dia de todos os cantos do Brasil.

O debate

O principal debate travado após á ultima mobilização no dia 12 de abril não foi a cerca da pauta de reivindicações das manifestações, mas sim sobre o numero de participantes. Ora, o principal debate deveria ser em torno da pauta de reivindicações e não da quantidade de pessoas que foram para as ruas. É sabido que houve uma diminuição do numero de manifestantes entre a primeira e a segunda manifestação e a tendência é que as próximas manifestações (si tiverem) tenderam a ter um numero cada vez menor. Mas isso não é uma disputa de torcida para ver quem é que põem mais gente na rua – o povo não pode ser tratado como gado, o povo não pode ser tratado como uma fria estatística apenas. Seja por quem quer que seja.

As reivindicações

Aliás, é preciso ressaltar que partes das reivindicações são legitimas e concordamos com elas, como por exemplo, a luta contra a retirada de direitos dos trabalhadores, a reforma política e o combate à corrupção. No entanto essas pautas têm sido usadas apenas como faixadas para esconder o objetivo principal da direita reacionária que esta por trás das mobilizações que é a cassação da presidente Dilma Rousseff.

Sobre o impeachment

Estamos longe de apoiarmos o governo Dilma Rousseff (PT), mas dai sermos favoráveis a sua cassação é um tanto de mais. Também temos profundas criticas ao Partido dos Trabalhadores, sobretudo pelo fato do PT ter traído seus ideais. Mas dai cair no discurso simplório que tenta nos enfiar goela abaixo de que o partido é responsável pela corrupção no país não dá. É não querer ver que a corrupção é um mal endêmico do Brasil, que esta intimamente ligada ao sistema capitalista e que inclusive está presente nos governos do PSDB em São Paulo, Paraná, Goiás entre outros.

Os manifestantes

Reportagens mostram que grande parte dos que participaram dessas manifestações não estão ali por que foram de livre e espontânea vontade, mas por que foram levados. Estes si quer sabem por que estão protestando. São ingênuos, não conseguem ver que estão sendo usados por uma direita reacionária que quer chegar ao poder de qualquer maneira, nem que para tanto tenha que dá um golpe.

Disputar a consciência das massas

Eis uma das tarefas da esquerda progressista – disputar a consciência das massas. Sobretudo da juventude que tem sido manipulada por setores de direita que dizem falar em nome da mudança, mas que no fundo conservam ideias golpistas, conservadoras e reacionárias. A tarefa não é fácil, mas quem fez a opção pela defesa intransigente dos direitos da classe trabalhadora não pode recuar, ao contrario esse momento de crise politica, econômica e social não pode nos desmotivar, mas sim nos alegrar.


Pedro Ferreira Nunes – educador popular e militante do Coletivo José Porfírio.

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Brevíssimos comentários sobre algumas questões em debate no cenário politico nacional

Congresso Nacional

Há uma velha máxima que diz que ‘não há nada tão ruim que não possa piorar’. E de fato é isso que tem acontecido no cenário politico atual. Si tínhamos alguma duvida de que havíamos eleito um congresso nacional mais conservador. Passado três meses da nova legislatura acredito que ninguém tem mais nenhuma duvida disso. Por tanto esperar que seja aprovada por estes parlamentares alguma medida que favoreça ao conjunto do povo trabalhador é acreditar em coelhinho da pascoa, papai noel e outras coisas do gênero.

E só tende a piorar...

Não acredito que alguém tem alguma duvida que não será aprovada a lei que regulamenta a terceirização. A redução da maioridade penal. O ajuste fiscal e outras maldades contra o conjunto do povo trabalhador. Não senhores, não tenham duvidas. Com o congresso reacionário que temos, com o governo inerte e o baixíssimo poder de mobilização dos setores progressistas em si organizar e mobilizar contra tais ataques – não esperemos por milagres.

Reforma Política

Enfim parece que a reforma política vai sair do papel. O congresso nacional esta trabalhando a todo vapor para que as mudanças possam ser implementadas já em 2016, por tanto o projeto de reforma política em discussão tem que ser aprovado no máximo um ano antes do próximo pleito eleitoral. Mas não si iludam. A reforma política que será aprovada no congresso nacional passa muito longe da que anseia a maioria da população brasileira. A mesma esta mais para um engodo politico. Nada mais é do que mais do mesmo, mudar sem mudar.

Ainda sobre a reforma politica

Discute-se tudo, menos o que de fato é necessário como, por exemplo, o financiamento público de campanha. Mas, repito novamente, esperar que o congresso nacional aprove alguma lei que favoreça ao conjunto do povo trabalhador e não aos seus interesses é acreditar em historias de ‘faz de conta’. Ora, sem pressão popular. Sem mobilização. Sem a unificação das ações do conjunto das organizações da classe trabalhadora – será derrota por cima de derrota. Ai depois não adianta chorar diante do leite derramado.

Redução da maioridade penal

Nadando na mentalidade conservadora que impera no congresso nacional e que lamentavelmente tem grande respaldo no seio da sociedade à proposta de redução da maioridade penal segue a passos largos para ser aprovada. O que mais me espanta em tudo isso é a pouca mobilização que as organizações contrárias tem feito para barrar esse absurdo, pois não é nenhuma novidade de que si tentaria enfiar goela abaixo da população mais este engodo politico. Por que então não nos preparamos para rechaça-lo?

Ainda sobre a redução da maioridade penal

A justificativa de que reduzir a maioridade penal para dezesseis anos é combater a criminalidade é uma falácia. Ora, de nada adianta endurecer a lei para quem comete 1% dos crimes no Brasil e não punir os verdadeiros criminosos que nunca são presos. A redução da maioridade penal terá duas consequências: 1- Sua efetividade será zero já que o numero de jovens que cometem crimes no Brasil é pequena; e 2- Forneceremos para o crime organizado mais mão de obra. De qualquer forma a aprovação da redução da maioridade penal é um atestado do estado brasileiro da sua incapacidade de recuperação daqueles que cometem delitos.

PT X PSDB

Quem acompanha os debates no congresso nacional deve esta de saco cheio do debate entre PT X PSDB. Mais parecem duas torcidas fanáticas discutindo futebol em um bar em plena segunda-feira após a rodada do final de semana do que duas organizações politicas que dizem defender projetos distintos. Aliás, poderíamos dizer que o PT e o PSDB estão contribuindo para ‘futibolização da politica’. Ainda si fosse para o futebol arte, até que ia, mas está mais para a exibição da seleção brasileira contra a alemã na acachapante derrota por 7x1. E como sempre esse tipo de briga entre torcidas de times rivais, nenhuma tem razão e não leva a lugar algum.

(Des) governo Dilma

Dilma Rousseff (PT) passa para Michel Temer (PMDB) a missão da articulação politica do seu (des) governo com o congresso nacional. Refém do PMDB como nunca, Dilma dá os anéis para não perder os dedos. Resta perguntar – até quando ela terá anéis para dá???

Democratização dos meios de comunicação

O PT mais uma vez si sente perseguido e criminalizado pela mídia – elaborou um manifesto e juntamente com outros movimentos sociais ligados ao partido articularam manifestação contra a rede Globo. A discussão sobre a necessidade da democratização dos meios de comunicação não é nenhuma novidade no Brasil – há muito tempo que as organizações progressistas de esquerda pautam essa questão. Por tanto é obvio que somos completamente favorável a ‘reforma agrária’ dos meios de comunicação no país. No entanto questionamos si o PT tem de fato essa preocupação, pois estando a 12 anos no poder nunca apresentou no congresso nacional (além de discursos) nem um projeto efetivo para pelo menos pautar a discussão sobre a questão do monopólio dos meios de comunicação no País – há não ser agora no petróleo e no tempo do mensalão.

Aos defensores da volta do regime militar

Digo a estas poucas criaturas um velho conselho dos meus avós – não brinquem com fogo para que não se queimem. Pense bem no que vocês estão falando, repetir frases prontas é fácil. Já houve um tempo nesse país que setores da sociedade civil pediu uma intervenção militar e depois se arrependeram amargamente. Estudem, pesquisem, converse com quem vive tal experiência. E si ainda for pouco por que não fazer um estagio na Coreia do Norte?! Fica a dica.

Debate nas redes sociais
Me causou náuseas o debate entre partidários do prefeito de Palmas Carlos Amastha e do ex-prefeito Raul Filho nas redes sociais. Mesmo com o alto grau de baixeza o debate foi reproduzido em um jornal local. Fiquei pensando comigo – que tempo são esses onde a mediocridade permeia o debate politico. Aonde chegamos, aonde chegamos.

Para não dizer que não falei das flores também

Não é novidade as politicas de retrocessos e ataques aos direitos dos trabalhadores, aliás,qualquer documento de analise de conjuntura das organizações progressista de esquerda do ultimo período fazem esse apontamento – de que seriam intensificado ataques contra o povo trabalhador. Por que então não nos preparamos para essa conjuntura e ficamos batendo cabeça? Simples. Somos ótimos em analisar, mas não muito bons em agir. Pelo menos não o quanto é necessário.

Desde 2008 quando a crise mundial estourou nos EUA e o presidente Lula dizia que aqui seria apenas uma marolinha– falávamos – o trabalhador não pode pagar pela crise. Infelizmente em grande medida são sim os trabalhadores que estão pagando. Mas temos conseguido muitas lutas vitoriosas – nas jornadas de junho de 2013, por exemplo. Recentemente os servidores públicos do Paraná nos mostrou que o caminho da unidade é o caminho da vitória. Sigamos este exemplo – a unidade das organizações de luta da classe trabalhadora nunca foi tão fundamental para rechaçarmos os ataques de governos e patrões.
“É preciso não ter medo,
É preciso ter coragem pra dizer...
... não ficar de joelhos,
Que não é racional renunciar a ser livre.”
Carlos Marighela


Pedro Ferreira Nunes – Educador popular e militante do Coletivo José Porfírio.

Os desafios dos servidores públicos do Tocantins na luta pelos seus direitos

Uma das primeiras medidas tomada pelo governador Marcelo Miranda (PMDB) ao assumir o governo do Tocantins pela terceira vez foi o anuncio absurdo de que parcelaria o pagamento dos salários atrasados dos servidores públicos. A justificativa para tanto era de que o estado passa por uma grave crise econômica e não tinha dinheiro em caixa. No entanto em vez de cortar em outras áreas a opção era meter a mão no bolso do trabalhador que não tem nenhuma culpa pela péssima gestão anterior.

O parcelamento dos salários atrasados dos servidores é um absurdo, sobretudo em um estado onde se ganha tão pouco, grande parte dos servidores públicos recebe apenas um salario mínimo, por tanto parcela-lo é condenar o trabalhador a passar fome. Tal proposta só não foi executada por que toda a categoria rechaçou-a com veemência. Mobilizando-se e ameaçando deflagrar uma greve ampla no funcionalismo público estadual. Diante da mobilização da categoria e da repercussão negativa o governo não teve outra opção se não recuar da sua decisão e pagar integralmente os salários atrasados dos servidores.

Este episódio serviu para mostrar que o atual governo não si difere dos anteriores quando tenta jogar nas costas do trabalhador a responsabilidade por uma crise financeira que não foi criada pelos trabalhadores. E também mostrou como uma mobilização unificada do funcionalismo público com o apoio da população em geral pode ser forte e obter conquistas concretas.

No entanto o governo Marcelo Miranda (PMDB) continua querendo jogar nas costas do servidor público a conta da crise econômica por que passa o estado. Direitos conquistados pelos servidores públicos nas gestões anteriores como, por exemplo, valorização salarial e outros direitos não estão sendo pagos. E mais uma vez a proposta do governador é o parcelamento destes direitos.

Policia Civil faz greve de mais de trinta dias. Servidores da saúde fazem paralisação e ameaçam entrar em greve e servidores do quadro geral aprovam indicativo de greve.

Mesmo antes de assumir o governo. A equipe de transição de Marcelo Miranda anunciava a situação caótica que se encontrava a máquina pública e que, portanto seria preciso apertar os cintos. Diante deste anuncio já estava claro para nós que viria pela frente ataque aos direitos dos trabalhadores. Pois é fato que apertar os cintos para os governos de plantão significa isso – retirar direitos conquistados pelos trabalhadores com muita luta.

No entanto o funcionalismo público estadual não tem ficado parado diante da negação do atual governo em garantir os direitos conquistados pelos trabalhadores – a policia civil ficou mais de quarenta dias em greve. Os servidores da saúde fizeram uma grande paralisação e também ameaçaram entrar em greve. Já os servidores do quadro geral aprovaram indicativo de greve. Além destas, outras categorias podem cruzar os braços no próximo período se o governo insistir em ignorar as demandas dos servidores. A exemplo da educação que fez greve histórica no ano passado.

Por que a greve de mais de um mês da policial civil do Tocantins fracassou? Quais as lições podemos tirar desse movimento grevistas para as futuras mobilizações dos servidores públicos do Tocantins.

A reposta é simples, pelo isolamento. E a responsabilidade por tal isolamento é da atual direção do sindicato dos policiais civis – que preferiram seguir a linha da negociata fazendo peregrinação em gabinetes de parlamentares da oposição além de outras praticas de luta bastante questionável que pouco contribuí para o fortalecimento da greve, ao contrario foi um prato cheio para o governo e a mídia conservadora jogar a opinião pública contra o movimento.

Viu-se pouca mobilização da categoria como atos públicos, manifestações, marchas ou material de propaganda explicando o motivo da greve. Em vez de buscar o apoio da sociedade ao movimento grevista ações violentas e intempestivas dos grevistas rechaçaram qualquer possibilidade de apoio. Aliás, grande parte da população si quer compreendia o porquê da greve, pois o sindicato parecia está mais preocupado em fazer oposição ao governador Marcelo Miranda (PMDB) do que propriamente reivindicar os diretos por melhores condições de trabalho e valorização salarial que a categoria luta com toda legitimidade.

Está em greve não é ir para casa e cruzar os braços, mas sim resistir e lutar pelo que se reivindica. No entanto foi isso que vimos na greve da policia civil – a maioria dos grevistas cruzaram os braços e foram para casa deixando nas mãos da direção do sindicato toda responsabilidade pelos rumos do movimento. A direção do sindicato por sua vez mostrou-se muito despreparada. Uma greve que não tem o envolvimento de toda a categoria tende ao fracasso. Pois sabemos que quanto mais envolvimento da categoria mais forte é a greve.

Já o governo estadual que não é nenhum pouco bobo. Não perdeu nenhuma chance de judicializar o movimento grevista isolando-o mais ainda. Cheio de processos nas costas, multas e o inicio do corte dos pontos, além da perseguição politica o movimento que nunca fora forte foi enfraquecendo mais ainda. E a responsabilidade do fracasso da greve dos policiais civis é de total responsabilidade da direção do sindicato, a linha politica equivocada deste levou ao isolamento do movimento grevista e, por conseguinte a sua derrota desmoralizante. A greve perdurou por mais de um mês, mas obteve nenhuma vitória concreta, só promessas por parte do governo, promessas que quase sempre não são cumpridas. E diante disto a categoria retornou com a cabeça baixa para o trabalho, mesmo antes de o sindicato declarar o fim da greve.

Outro fator que contribuiu decisivamente para o fracasso da greve da policia civil foi a total falta de apoio de outras categorias do funcionalismo público estadual. O que reflete mais uma vez no isolamento do movimento grevista. Aliás, eis ai um problema que os servidores públicos estaduais precisam superar em um curto espaço de tempo, a exemplo dos servidores do quadro geral que ameaçam entrar em greve. O isolamento e a falta de unidade dos servidores públicos estaduais, que em vez de fazer movimentos grevistas unitários do funcionalismo público estadual preferem isolar-se caminhando temerariamente para o fracasso.

Construir a luta unitária dos servidores públicos do Tocantins contra a negação do governo Marcelo Miranda (PMDB) em garantir direitos conquistados.

A luta contra os ataques e retiradas de direitos de servidores públicos das diversas categorias pelo governador Marcelo Miranda (PMDB) tem que ser construída unitariamente. Os servidores públicos do Paraná nos deu uma importante lição a cerca da importância da luta unitária para rechaçar os ataques de governos e patrões aos direitos dos trabalhadores. Porém quando olhamos para as direções de sindicatos e centrais sindicais que atuam no Tocantins vimos que essa luta unitária não será fácil, cada um olha apenas para o seu umbigo e esquece-se que todos fazem parte de uma mesma classe.

Enfim, encerramos chamando a base das categorias de servidores públicos estaduais a passar por cima das atuais direções sindicais que estão burocratizadas e estagnadas. Esta é uma tarefa imediata, desfazer-se dessas velhas direções e construir novas ferramentas no estado que de fato defendam os interesses e anseios do povo trabalhador tocantinense.Construam a unidade na luta, lutem pelos seus direitos. A categoria não precisa de direções vendidas e corrompidas para tal tarefa, forjemos novos lideres.E a palavra de ordem deve ser – o trabalhador não pode pagar pela crise! Nenhuma redução de direitos!

“Vem vamos embora, que o esperar não é saber, quem sabe faz a hora, não espera acontecer”.

Geraldo Vandré

Pedro Ferreira Nunes é educador popular e militante do Coletivo José Porfírio.